terça-feira, 16 de junho de 2009

de amor e outras delicadezas...

Está bem, eu confesso que já vi Moulin Rouge tantas vezes que perdi as contas... De qualquer maneira, esta noite tive aquela vontade imensa de assistir umas partes que considero as mais lindas do filme. Claro que não consegui ver apenas o planejado.

O problema é que eu não havia me preparado pra depressão que esse maravilhoso filme me dá. Então, na metade da história, rios de lágrimas rolando incansavelmente, meu marido entra no quarto falando e pedindo o jantar! Gente! Vocês têm noção do estraga-prazeres que isso representou no meu filme preferido! Eu olhei pra ele, olhos completamente molhados de lágrimas, nariz fungando e disse que ele era muito insensível por não me deixar assistir a morte da Satine e o desespero do Christian e ficar mais e mais deprimida. Daí ele me olha seriamente e diz: "mas olha que bacana, daqui a pouco, quando você colocar o filme do início, ela estará viva de novo!". Sim, claro!, como ele é sensível!!! Mesmo com todos os planos dele pra acabar com minha depressão, voltei a assistir meu Moulin e respirei fundo quando o ouvi sair e bater a porta. Finalmente pude chorar sozinha. Espera! Sozinha não, que o Christian estava lá comigo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Porque não basta ser mulher.


Porque não basta ser mulher. Tem de vir talhada em ouro. Tem de ser amélia, camélia... Um pouco de tudo. Ou muito.

Eu aprendi muito cedo que nós, mulheres, nunca seremos 100%. E, sinceramente, eu não gostei. Não gostei e não gosto dessa cobrança absurda, desmedida e desigual.

Sim, temos de ser donas de casa, mas não quaisquer donas de casa. Precisamos ser perfeitas donas de casa. Daquelas que tomam conta dos mínimos detalhes, desde o que todos vão comer no dia até onde foi parar a cueca suja do seu marido. Não reclame, você pediu! E sim, temos de ser bonitas, gostosas, malhadas. Pernas de deusa, bumbum bem brasileiro. Se você não tem tempo pra academia, você que se vire! Quem mandou nascer mulher? Problema seu. Ah, mas não esqueçam: devemos (e isso é tão imprescindível quanto os itens anteriores) ser muito inteligentes, mas não tanto que possamos superá-los, os maiorais, os homens. E, claro, não tentem suprimir o item pós-moderno, pós-contemporâneo, pós-porcaria e todos os outros pós: ser independente. Mulher que se preze, é independente até a raiz do cabelo. Afinal, como conquistar espaço no mundo de hoje se não soubermos ser melhores que eles (mas entendam: melhores porque temos de estudar, batalhar e trabalhar em dobro ou mais, porque melhores mesmo, não dá; ninguém pode ultrapassá-los, não é?). Boa filha, excelente mãe. Esposa insuperável, amante voraz, caliente, sempre disposta: uma verdadeira tigresa. Rímel, blush, pó compacto, lápis, sombra, batom, gloss. Quanta superficialidade! Cara limpa: nossa! essa mulher não se cuida! Filho na creche, babá: que mãe ausente! Mãe fica em casa, cuida de seu filho: ô mulherzinha sem perspectiva de futuro! Cansada pro sexo: amante frígida – cuidado! ele vai te trocar por outra! Fogosa: puta. Inteligente, estudiosa, dedicada: metida a intelectual, insuportável. Desligada (acha que Saramago é marca de cigarros): desmiolada, burrinha!

Bem, eu peço mesmo que o público masculino se decida, porque não dá pra atender a uma demanda tão contraditória. Somos mulheres, infelizmente pra uns e umas, nem tanto assim pra outros e outras. E estamos aqui: lindas, inteligentes, mães, independentes, bem vestidas, malhadas, magras, simpáticas, dispostas pro sexo, sensuais, incansáveis. E ainda é tentador o mistério de porque não somos suficientes pra eles. Porque, pelo visto, não basta ser mulher.

 
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