segunda-feira, 1 de junho de 2009

Porque não basta ser mulher.


Porque não basta ser mulher. Tem de vir talhada em ouro. Tem de ser amélia, camélia... Um pouco de tudo. Ou muito.

Eu aprendi muito cedo que nós, mulheres, nunca seremos 100%. E, sinceramente, eu não gostei. Não gostei e não gosto dessa cobrança absurda, desmedida e desigual.

Sim, temos de ser donas de casa, mas não quaisquer donas de casa. Precisamos ser perfeitas donas de casa. Daquelas que tomam conta dos mínimos detalhes, desde o que todos vão comer no dia até onde foi parar a cueca suja do seu marido. Não reclame, você pediu! E sim, temos de ser bonitas, gostosas, malhadas. Pernas de deusa, bumbum bem brasileiro. Se você não tem tempo pra academia, você que se vire! Quem mandou nascer mulher? Problema seu. Ah, mas não esqueçam: devemos (e isso é tão imprescindível quanto os itens anteriores) ser muito inteligentes, mas não tanto que possamos superá-los, os maiorais, os homens. E, claro, não tentem suprimir o item pós-moderno, pós-contemporâneo, pós-porcaria e todos os outros pós: ser independente. Mulher que se preze, é independente até a raiz do cabelo. Afinal, como conquistar espaço no mundo de hoje se não soubermos ser melhores que eles (mas entendam: melhores porque temos de estudar, batalhar e trabalhar em dobro ou mais, porque melhores mesmo, não dá; ninguém pode ultrapassá-los, não é?). Boa filha, excelente mãe. Esposa insuperável, amante voraz, caliente, sempre disposta: uma verdadeira tigresa. Rímel, blush, pó compacto, lápis, sombra, batom, gloss. Quanta superficialidade! Cara limpa: nossa! essa mulher não se cuida! Filho na creche, babá: que mãe ausente! Mãe fica em casa, cuida de seu filho: ô mulherzinha sem perspectiva de futuro! Cansada pro sexo: amante frígida – cuidado! ele vai te trocar por outra! Fogosa: puta. Inteligente, estudiosa, dedicada: metida a intelectual, insuportável. Desligada (acha que Saramago é marca de cigarros): desmiolada, burrinha!

Bem, eu peço mesmo que o público masculino se decida, porque não dá pra atender a uma demanda tão contraditória. Somos mulheres, infelizmente pra uns e umas, nem tanto assim pra outros e outras. E estamos aqui: lindas, inteligentes, mães, independentes, bem vestidas, malhadas, magras, simpáticas, dispostas pro sexo, sensuais, incansáveis. E ainda é tentador o mistério de porque não somos suficientes pra eles. Porque, pelo visto, não basta ser mulher.

3 comentários:

Unknown disse...

Estive por aqui lendo um pouco no seu blog!! Abraços Ademar!!

Bruno Viana disse...

sua grossa! rsrsrs.

Myrlya disse...

Simplesmente amei o seu blog... quero ser igual a você quando eu crescer... será que chego lá?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

 
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